Sábado de Carnaval, São Paulo. Decidimos não adiar mais nosso desejo de conhecer o super premiado Mocotó. O endereço? O bairro de Vila Medeiros, fora da zona sul onde tradicionalmente está localizada a maioria dos restaurantes badalados da cidade.
Na chegada, logo vimos pessoas em pé ou sentadas nos bancos na calçada, ambiente sem frescuras que cativa de cara. Estávamos preparados para a espera que no fim de semana chega a duas horas. “Não trabalhamos com reserva. O ideal é chegar às 11h30min da manhã ou depois das cinco.” Foi o que ouvimos pelo telefone. “Graças a Deus as casas do Rodrigo estão sempre cheias.” Completou o simpático atendente, fazendo menção ao chef famoso.
No fundo, tudo é um bom motivo para iniciar os trabalhos no balcão mesmo. Abrimos nosso espaço e nos instalamos ali para reforçar os números que o atendente contava com orgulho. “São Paulo tem 12 milhões de pessoas, seis milhões saem de SP no feriado e as outras seis vem para cá”. A parede ao lado exibindo as inúmeras premiações só reforça tamanho sucesso.
Os atendentes do bar são super atenciosos e não demora muito os petiscos já estão servidos. Dadinhos de tapioca com mel e linguiça com cebola roxa são apenas alguns dos destaques.
Logo descobrimos que é impossível resistir as caipirinhas. A jabuticaba chama atenção de tão fresquinha. O doce cheiro da rapadura de um dos drinks bateu certeiro na minha memória da infância. Minha tia tem uma fazenda de cana de açúcar no interior do Ceará: Cana Brava. Tudo já parecia muito familiar.
Mas a minha história não vem ao caso e sim do “Seu Zé Almeida”, nascido no sertão de Pernambuco e fundador do Mocotó. Em 1973, em sociedade com dois irmãos, montou a “Casa do Norte Irmãos Almeida” na Vila Aurora. E depois de um ano, montou seu próprio bar na Vila Medeiros.
Aí começou a história de sucesso do caldo de mocotó. As pessoas se acotovelavam para entrar e tomar a iguaria, além de comprar produtos típicos como carne seca, farinha de mandioca, rapadura, bolachas e queijos nordestinos. Com o passar do tempo, o pequeno bar não comportava mais a clientela. E em 1979 montou a “filial”, bem em frente à matriz. Até que, em 1994, passou a se dedicar apenas às refeições.
Desde 2004, o restaurante é comandado pelo filho de Seu Zé Almeida, o paulistano Rodrigo Oliveira, que ocupa a posição de chef. Para ele, o sucesso tem a receita: “Temos orgulho do nosso trabalho e dessa repercussão, mas não nos deslumbramos. A receita para manter uma casa por tanto tempo tem dois ingredientes: boa comida e hospitalidade. Mesmo parecendo simples, é algo que só se consegue com muita dedicação, talento e, acima de tudo, paixão”.
Pergunto pelo chef famoso, mas o rapaz do balcão informa que ele está no restaurante ao lado, o Esquina Mocotó, inaugurado recentemente. Fui até a calçada para dar uma espiada no vizinho que aparentemente é um pouco mais sofisticado que o Mocotó. “Não é mais chic, é diferente“. Explicou o atendente, depois que eu retornei ao meu posto de espera no balcão. “O Esquina tinha tudo para estar na zona sul, mas o objetivo é levar gastronomia de alto padrão para todo o tipo de público, do gari ao executivo do banco. O povo da zona sul sai para comer na zona norte, mas o contrário não acontece. Prova disso, é que o couvert e a água são gratuitos.” Ele nos entrega um cardápio do Esquina Mocotó e conclui: “O cardápio é mais contemporâneo, aqui é nordestino puro”.
Quase sem perceber cumprimos a etapa de uma hora e meia de espera no balcão. Seguimos para o almoço. As opções cardápio são cem por cento nordestinas: escondidinho, queijo coalho, baião de dois, carne de sol, atolado de carne de bode.
O Longe e Perto provou e aprovou Carne-de-Sol Assada: carne-de-sol preparada artesanalmente e servida com manteiga-de-garrafa, alho assado, pimenta biquinho e chips de mandioca. Hummm delicia! Novamente lembranças da infância!
E para encerrar: Pudim de Tapioca com Calda de Coco Queimada. Comer rezando, de joelhos ou como você achar melhor.
Outra coisa legal: o cardápio está todo no site, com preços e receitas.
Experiência gastronômica de primeira. Recomendado por quem cresceu comendo e adorando todas essas iguarias.
E claro, ficamos com gostinho de quero mais e querendo voltar para conhecer o Esquina Mocotó. Lembrando que o Esquina aceita reservas, boa opção para quem por algum motivo incompreensível queira fugir da deliciosa espera no balcão.
MOCOTO – Restaurante e Cachaçaria
Fone: (0xx11) 2951-3056 – Av Nossa Senhora do Loreto, 1100 – Vila Medeiros – São Paulo – SP.
Prêmios 2012:
•101 World’s Best Restaurants – Newsweek Magazine
•Melhor Cozinha Brasileira – Revista Prazeres da Mesa
•Chef do Ano – Revista Prazeres da Mesa
•Melhor Cozinha Brasileira – Jornal Folha de São Paulo
•Melhor Cozinha Brasileira – Revista Go’Where Gastronomia
•Melhor Cozinha Brasileira –Revista Época São Paulo
•Melhor Bom e Barato – Jornal Folha de São Paulo
•Melhor Bom e Barato – Revista Época São Paulo
RESERVAS: Tel. (11) 2949-7049 / esquina@mocoto.com.br
Av. Nossa Sra. do Loreto, 1104 – Vila Medeiros
São Paulo, SP – Brasil – CEP 02219 001
Excelente restaurante e ótimo post da Carla Caldas.
Ótimo atendimento, caipirinhas, e pratos a preços bem em conta.
Parabéns , pela dica do Restaurante e pelo post.
Obrigada !!Volte sempre ao Longe e Perto. abs Carla
[…] equipe do Longe e Perto já esteve no Restaurante Mocotó e também no Mocotó Café, no Mercado de Pinheiros. Duas dicas imperdíveis para quem mora ou […]