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Bem-vindos à era do Compartilhamento: crônica de uma anfitriã Airbnb

22 jan 2018 • por Carla Caldas • 0 comentários

Sábado acordei cedo e caminhei até o supermercado. O pão fresquinho de lá é imbatível, sempre crocante e quentinho. Também não resisto ao cheiro de pão de queijo e do bolo de cenoura recém-saídos do forno. Peguei outros itens típicos de um café da manhã caprichado de final de semana: mamão, frios, leite e água de coco. Coloquei tudo na sacola retornável, paguei a conta e voltei para arrumar as delícias na mesa.

Meu marido já estava na cozinha adiantando a organização, pois tínhamos hóspedes, um simpático casal, que mora nos USA e veio passar uma semana no Brasil, e queríamos demonstrar com carinho nossa hospitalidade.
Até aqui tudo bem, típica cena de uma família que recebe conhecidos em casa.

A única diferença estava na forma como chegaram ao nosso apartamento: através do Airbnb, um site de locação de cômodos em residências. Sim, estávamos alugando nosso quarto e obtendo uma “graninha extra”, usando a expressão do próprio Airbnb.

Ou seja, estamos vivenciando a nova era da Economia Compartilhada, que prega que tudo que você detém pode ser dividido com alguém que precisa e está disposto a pagar. O princípio básico é que aquilo que precisamos não é um CD e sim a música que toca nele, é um buraco na parede e não uma furadeira, e se aplica a praticamente qualquer item.

Ou seja, uma mudança de pensamento que valoriza o benefício que o bem oferece

e não necessariamente a posse dele.

Uma boa reflexão!

Hoje podemos encontrar sites onde é possível vender ou alugar qualquer coisa. De furadeira a helicóptero, nada precisa ficar parado e ocioso.
Assim, se temos um quarto vazio em nossa casa podemos simplesmente anunciar e disponibilizar. É o conceito de pensão ganhando nova roupagem com a ajuda da tecnologia, pois agora temos a possibilidade de oferecer o espaço para pessoas que estão em qualquer lugar do planeta.

Ficar em residências de famílias, passa a ser uma alternativa para nossas viagens. Pode ser mais econômico e também uma forma autêntica de vivenciar os costumes de uma cidade, estar próximo de moradores e conhecer ambientes mais acolhedores que hotéis.

Nosso primeiro contato com esse tipo de hospedagem foi em 2015 em Londres, em um apartamento onde morava um casal, ele engenheiro e ela dentista. Uma área tipicamente residencial, um pouco afastada da região mais turística, porém com fácil acesso ao transporte público: metrô, estações de bicicletas e ônibus.

O contato com o dono da casa começou bem antes da nossa chegada, pois trocamos mensagens com dicas sobre como sair do aeroporto, sugestões de passeios e até a escolha de um lanche que nos aguardou na geladeira.
Durante nossa estadia compartilhamos alguns momentos com os proprietários, mas o mais legal foi vivenciar essa sensação de morador, caminhar pelas ruas residenciais, fazer compras no mercadinho da esquina. Na casa tínhamos acesso a um terraço pequeno para finalizar o dia sentido o clima de Londres e tomando um vinho.

Gostamos da experiência e na volta ao Brasil decidimos oferecer um quarto para aluguel.
Demoramos a iniciar, pois, marinheiros de primeira, na utilização do site, criamos o anúncio e não ativamos sua visualização. Ajustes feitos, começamos a receber nossos primeiros contatos para perguntas de esclarecimento. Depois, o pedido de reserva é efetuado e você, como anfitrião, aprova ou não a solicitação.

Aprovar? Baseado em que? Aqui entra mais uma novidade da Era do Compartilhamento: as avaliações.
Diferente de tempos passados, onde apenas quem prestava um serviço era analisado, aqui o contratante também tem sua qualificação exposta na rede. Portanto, é muito fácil conhecer o perfil e saber se ele foi uma pessoa legal, educada e organizada nas passagens anteriores.

Receber o primeiro pedido de reserva também é desafiador, afinal seu futuro hóspede ainda não terá uma depoimento disponível, no site, para leitura.

Ou seja, nunca nossa reputação e comportamento foram tão importantes, pois agora são divulgados nos sites.
Rompida essa barreira, recebemos nossos primeiros visitantes, duas amigas do interior de Minas Gerais que vieram a São Paulo por duas noites em busca do visto americano. E lá estávamos nós, nervosos para receber e agradar duas pessoas que sequer conhecíamos. Quem poderia imaginar? Quarto limpo e organizado, chocolates de boas vindas, duas páginas de dicas da região e orientações gerais sobre a casa escritas e impressas. As hóspedes eram alegres e comunicativas, a experiência foi ótima e ao final recebemos nossa primeira avaliação no site.

Os relatos positivos deixados por elas abriram caminho para próximos visitantes de diferentes origens e com os quais compartilhamos histórias em bate papos divertidos.

Muitos amigos questionam sobre como é receber desconhecidos em nossa própria casa, o quanto isso afeta a rotina ou se não temos receio e tememos pela segurança.

Confesso que no começo a ideia parecia estranha e inusitada, mas decidimos arriscar de coração aberto. O processo do site ajuda bastante a reduzir a sensação de insegurança e aos poucos fomos entendendo melhor o funcionamento e nos sentindo bem seguros. Hoje tudo passou a ser comum e abrimos nossa casa sem receio, porém com cautela na aceitação dos pedidos. E mais importante que a renda extra são as histórias e os momentos que vivenciamos com todos que passam aqui.
Com nosso último hóspede aprendemos um pouco sobre plantas medicinais e como ele administra um canal on line sobre o tema.

Ao sair deixou um bilhetinho carinhoso, que está indo para o nosso mural simbolizando as lembranças positivas de pessoas reais que passam em nossas vidas, mesmo que trazidas por formas impessoais como a internet:

“ Foi uma ótima experiência.
Obrigada pelo carinho e atenção com o qual me acolheram.
Sou muito grato por tê-los conhecido.
Grande Abraço.” – Hóspede

E você? Tem um imóvel ou um comodo disponível para locação?

Também gostaria de ser um anfitrião do Airbnb?

Entre no link ou deixe suas perguntas aqui e podemos ajudar.

Texto publicado originalmente, em abril de 2017, como colaboração no site Coletivo Tropical.
Click aqui para ler original: Bem- vindo a Era do Compartilhamento.

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