Nossos passeios no Deserto do Atacama
Imagine um lugar onde a beleza da natureza hipnotiza e desperta um desejo de caminhar sozinho, apenas sentindo o vento suave, os sons e a força da imensidão.
Você está no Deserto do Atacama e será surpreendido pela variedade de paisagens deslumbrantes: montanhas, vulcões, salares, termas, gêiseres, lagoas, rios, tudo em um único lugar. As visões quase sempre parecem pinturas esperando para serem fotografadas.
Há muito para ser visto, é só montar a programação.
Nós optamos pelos passeios sem muita caminhada e também evitamos os tours de dia inteiros.
Enfim existe um Atacama para cada gosto e disposição física.
O que fizemos por lá:
– Passeio de Bicicleta
É fácil alugar uma bike e explorar as estradas próximas. Não se esqueça de levar uma garrafa de água como companheira.
Nós pedalamos até PUKARA DE QUITOR, um sítio arqueológico que fica a 3 km de San Pedro.
– Laguna Cejar, Ojos del Salar e Tebinquiche
O passeio sai às quatro da tarde e retorna após o pôr do sol. A primeira parada é na Laguna Cejar e dura quase uma hora e meia. São duas lindas lagoas de água verdinha e que de tão salgada, fazem você boiar sem conseguir afundar. “Deve ser como no Mar Morto”, pensei eu, apesar de não conhecer o local.
Apenas uma delas é disponível para o banho dos visitantes. O guia logo avisa para tomar cuidado com a água no olho.
Logo estávamos junto com o grupo, boiando e admirando a linda paisagem emoldurada pelos vulcões ao fundo.
Saindo da lagoa, o corpo seco fica coberto pelo sal.
Sorte que a próxima parada é nos Ojos del Salar, duas espécies de crateras com água doce no meio do deserto. É a chance de retirar a crosta de sal da parada anterior. Porém apenas alguns poucos se aventuram no mergulho gelado.
De volta ao ônibus seguimos para fechar o dia em grande estilo: pôr do sol no salares de Tebinquiche.
Chegando lá bate aquela vontade de caminhar sozinho pela imensidão de sal e simplesmente admirar os vulcões, passar o pé pela fina camada de água e colocar um pouco de sal na boca, como que para acreditar que não é apenas gelo.
Um lanchinho acompanhado de pisco sour é servido enquanto esperamos o cair do dia.
E em pouco tempo o sol se põe, com um lindo brilho amarelo, um espetáculo fascinante.
Estamos cansados e é hora de voltar para a cidade. Passeio inesquecível. Super recomendo.
Tour Astronômico
Um astrônomo francês se encantou com o céu do Atacama e montou com a sua mulher o que hoje é o maior observatório público do Chile, o SPACE ( San Pedro de Atacama Celestial Explorations).
O casal recebe os visitantes no local para um visita noturna que começa com a observação do céu a olho nu, passa pelos telescópios e termina com um bate papo sobre a evolução da astronomia e da sociedade. Tudo isso sem esquecer o chá de coca, chocolate quente ou café, para aquecer a madrugada gelada.
Não se esqueça de levar casaco e a máquina digital para registrar a foto da lua a partir de um dos telescópios.
Esse passeio é concorrido e não acontece em noites de lua cheia. Caso queira fazer, recomendo fazer reserva na lojinha da SPACE, que fica na Calle Caracoles, assim que chegar.
Ah, não há lugar para dormir lá. As vans e ônibus levam os turistas de volta ao hotel.
http://www.spaceobs.com/
Gêiser el Tatio
Considerado um dos passeios imperdíveis, mas também um dos mais sacrificantes de ser feito devido ao horário de saída e a altitude. Tudo começa por volta das quatro da madrugada, o destino está a 4300 metros e a 90 Km de San Pedro. São quase duas horas de viagem até a bacia geotérmica e logo na entrada o guia anuncia a temperatura, “ Zero grau com sensação de menos dois”. Ainda bem que acreditei na recomendação e estava bem agasalhada.
Logo temos uma visão realmente única. São várias colunas de vapor que saem para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando a temperatura de 85°C e 10 metros de altura.
Descemos do ônibus e o guia alerta: “andem lentamente, a altitude é cruel”.
Vamos nos aproximando e é possível ver a água borbulhando, como minis vulcões.
O fenômeno é intensificado e melhor observado ao amanhecer, por isso o passeio começa tão cedo. Ainda está escuro, mas aos pouco o sol vai surgindo. Hora do café da manhã, servido ali mesmo diante do espetáculo. Aos poucos o chá vai ajudando a esquentar.
Caminhamos devagar (até porque o corpo não permite nada diferente) por entre a fumaça e vamos admirando. O efeito da altitude realmente é perceptível, a moleza e o cansaço vão dominando.
Café encerrado e a próxima parada é uma piscina termal que fica logo à frente. Alguns poucos se aventuram no mergulho na água gelada. Nós deixamos para a próxima visita. Optamos por continuar caminhando e admirando as montanhas, os vulcões e o céu, que agora já estava com um tom de azul brilhante.
Seguindo o passeio, rumamos para Machuca um pequeno vilarejo atacamenho quase desabitado.
O ônibus segue pela estrada em seu caminho de volta e vamos avistando não apenas os vulcões, montanhas rochosas, mas também rios, lindos flamingos e simpáticas lhamas. Já são quase onze horas da manh, a altitude castiga o corpo, a cabeça doí e uma sensação de enjoo também já me consumia. O ônibus vai descendo pelas estradas e meio que como magia fui me sentido melhor. Meu marido dormia e lá estava eu tomada pela vontade de ficar sozinha com os olhos grudados na janela admirando a paisagem.
Parece repetitivo, mas o Atacama é magico, as imagens são inesquecíveis e fascinantes.
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